Brasileira vence prêmio de tecnologia do Google com plataforma de estudos
- siteseicondf
- 20 de ago.
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Foi ainda na infância em Bauru (SP) que Giovanna Moeller, hoje com 24 anos, tomou as primeiras lições de tecnologia, mesmo sem se dar conta. Curiosa por natureza, ela "fuçava" em tudo, desenvolvendo uma paixão por resolver problemas com lógica. “A tecnologia entrou na minha vida de forma muito natural. Aos poucos, essa curiosidade virou paixão por resolver problemas com lógica”, lembra. Em julho, Giovanna venceu um prêmio global de tecnologia realizada pelo Google.
Intitulada ADK (Agent Development Kit), a competição prevê a criação de sistemas inteligentes por meio de uma estrutura que permite a construção de plataformas, utilizando pequenos sistemas especializados. Foi assim que surgiu o projeto Edu.AI, voltado à preparação para o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) com a premissa de promover a democratização do acesso ao ensino superior.
A programadora define o projeto como um verdadeiro copiloto de estudos. Entre as funções disponibilizadas, o sistema permite a correção de redações de acordo com os critérios do Enem, gera simulados personalizados, sugere vídeos explicativos, flashcards, trilhas de estudo e contribui até mesmo para criação de textos.
Tudo isso de forma automatizada, acessível por celular e com pouco consumo de internet. “A ideia é que qualquer estudante, em qualquer lugar, consiga se preparar de maneira eficiente e personalizada, sem depender de infraestrutura cara ou professores particulares”, detalha Giovanna.
Prestes a concluir o curso de Sistemas de Informação na Unesp (Universidade Estadual Paulista), Giovanna reflete sobre a própria trajetória no universo da tecnologia. “No Ensino Técnico, tive meu primeiro contato mais sério com programação e aquilo me encantou. Não venho de uma família de programadores, então foi uma descoberta muito minha. Percebi que eu podia transformar ideias em soluções reais e transformar a vida das pessoas com a tecnologia.”
Mulheres na tecnologia
A conquista de Giovanna, no entanto, ainda é um feito pouco habitual dentro da realidade do mercado em que se projeta. Números divulgados pela Serasa Experian indicam que menos de 1% das mulheres trabalham com tecnologia no Brasil, correspondendo a 69,8 mil profissionais.
Cenário que coloca a conquista – melhor projeto da América Latina entre os 10 mil inscritos - em uma importante prateleira de reconhecimento mundial. “Estar entre tantos projetos incríveis e ver o Edu.AI sendo reconhecido globalmente me mostrou que a nossa realidade, mesmo parecendo muito local ou regional, também importa no cenário internacional”, destaca a programadora.
E completa: “E, claro, sendo mulher na tecnologia, isso carrega um simbolismo ainda maior. A representatividade importa. Durante minha trajetória, foram outras mulheres que me inspiraram a continuar, e hoje fico muito feliz de também poder ser essa inspiração pra alguém. Nosso lugar é onde a gente quiser estar, inclusive na programação, na IA, na liderança”.
Diante de uma realidade em que a evasão escolar compromete o futuro de mais de 9 milhões de brasileiros, entre 15 e 29 anos, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), Giovanna ressalta que a tecnologia, quando bem aplicada, tem o poder de nivelar o jogo. “Muitos jovens ainda não têm acesso a professores, cursinhos ou mesmo internet de qualidade, soluções inteligentes e acessíveis podem ser uma ponte. O Edu.AI foi criado pensando exatamente nisso: como a gente pode usar IA não para substituir o professor, mas para complementar, apoiar e democratizar o acesso ao estudo de qualidade? Quando a tecnologia chega para quem mais precisa, ela deixa de ser luxo e passa a ser justiça social”.
Pontes através da tecnologia
Se na infância o primeiro contato de Giovanna com a tecnologia se deu por mero acaso, duas décadas depois a programadora de projeção internacional sabe bem o caminho que pretende traçar no futuro: desenvolver soluções de impacto real, principalmente no campo da educação. “Sonho em ver o Edu.AI chegando a cada vez mais escolas, cursinhos, ONGs… E, quem sabe, sendo usado por milhares de estudantes no Brasil inteiro. Além disso, tenho vontade de liderar projetos com mais mulheres na tecnologia, criando espaços mais diversos e inclusivos. O futuro é colaborativo, e eu quero estar nele construindo pontes com a tecnologia”, declara.
Fonte: https://www.cnnbrasil.com.br
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